Gneise do Corvo

Ensaio poético sobre sagas e romanceiros (9.06.2005)

Do alto daquela montanha

hum cavaleiro escuta ao longe

As terras que de lá se miram
despois de hablar cum monge
E lh’o monge dizia rezando
c’as pedras do Corvo cantavam
Dizeres antigos de curvas
e los rabiscos significavam
Hua ‘stória de males de mundo
antes dos tempos começarem
Dos dias d’ hoje chegarem 
Os ventos de sul soprarem
Cum neño foi leixado
em terras do longe abandonado
Seu pai senhor arreliado 
por seu cú ter lo signal tatuado
Eh cavaleiro que a pedra fala
Lh’o monge dirá mais à frente
N' um neño do frio arredado
Depois c’os Lhobos dormirá quente
E per’ hua lhoba será creado 
depois ó convento noviciado
E lhas lenguas e letras aprenderá 
porém sem ser ordenado
Lho Cavaleiro do mosteiro 
na viaje conhecerá pr’a peleija
Muy valentes mercenários 
hu moro, hu pirata, hua crangueja
Mai’lo porqueiro do Castelo 
qu’é ladrão de fama antiga
Trapalhão ensarilhado 
c’o a cara de lumbriga
Lhos parceiros em demandas
pois lh'o Reyno aventarão
Que seu padre há muito perdeu 
pró feiticeiro e tirano irmão
C’a justicia voltará à terra 
d’onde partiu ainda neño
À sepultura do pai arrojará 
pois foi morto por lo veneno
Hua ‘spada vam achar 
pr’a banda do lago merino
Mais ela irá a matar 
lho tirano tio assassino
Chegará o fim da ‘stória 
C’o século mesmo à beira
E todos dirão enfim 
Samicas de Caganeira!