O Pós-Eleições Como Tormenta

Muitos não entenderam o momento em que vivemos. Os fascistas, já pelas ruas em seus acampamentos golpistas, não desapareceriam a partir do dia 1 de 2023. Estamos andando em círculos.

1 - Comemorar é preciso, delirar não é preciso

2 - O ano mal começou e aparentemente toda aquela mobilização dos apoiadores de Lula se desapareceu no ar. Isso é irônico quando muitos apontam exatamente o neofascismo como um movimento incapaz de persistir por um longo período de tempo.

3 - O fascismo, materializado como bolsonarismo, seguiu acampado, atuante nas redes. Viraram vitrine para grande parte dos apoiadores de Lula. Olhavam, se chocavam com os delírios, riam e algumas vezes alertavam para um possível ataque.

4 - A extrema-direita seguiu com as mesmas estruturas. Um que ativa as massas, a massa que consome as (des)informações e replica entre amigos e em outras redes sociais. Do outro lado, a impressão que dá é que só André Janones entendeu e quando surge uma isca bolsonarista para viralizar, ele (praticamente sozinho), surge com alguma coisa para colocar o foco em algo relevante e tentar disputar a narrativa.

5 - Li um tweet dizendo que esse ano ou a esquerda aprende a usar as redes sociais, ou seria caso perdido. Sou bem realista e vou fazer meu momento “eu nasci há dez mil anos atrás”: sou da época do movimento de “blogueiros progressistas”, fazia parte do grupo que iniciou no Rio de Janeiro há mais de 10 anos, participei da mobilização de migrar do Facebook para o Diaspora. Minha percepção é bem menos otimista. Existe um rompimento epistemológico das esquerdas com tecnologia. Tem a ver com Heidegger, com alguns autores da escola de Frankfurt, mas tem a ver também com a tecno-utopia dos anos 60, que curiosamente se converteu na base do que hoje conhecemos como Silicon Valley e ideologia californiana.

6 - Então os apoiadores de Lula estão entre a cruz e a espada. O fundamentalismo religioso e o golpismo civil-militar. De quebra, ainda tem que aguentar a carência digital de Monark e Glenn Greenwald, que sempre estão aí para jogar seu sofismo libertário. As redes sociais, tal como são, estimulam o individualismo. Para Glenn e Monark, é isso que querem. Para a base de apoio a Lula, o que vejo é cada um querendo viralizar o seu e ignorando a necessidade de coordenação coletiva digital. Você pode ser um influencer digital marxista (que loucura, não?), e ter familiaridade com estratégias de rede. Isso até agora não se provou algo real.

7 - Pessoas com milhares de seguidores apenas analisam e reclamam, nenhum passo real, a curto prazo (que é como redes funcionam). Antes talvez escrevam 3 papers e uma tese para então agir. Muito pior, perfis ativistas cometendo os mesmos erros over and over again. São fenômenos máximos da nossa total incapacidade, falta de vontade ou descaso para entender o básico de dinâmica de redes sociais

8 - Imagina a rodinha de amigos do Glenn e do Monark. Deve ser como o episódio do Boça querendo ir para noitada e os amigos tentando sair escondidos. Chatos bagarai.

9 - Governo Lula já deveria saber que GSI e forças de segurança estariam loteadas a bolsonaristas, se não foram colocados nomes bolsonaristas dentro é porque já eram organizações/setores alinhados com ideologia fascista. O governo baixou a guarda quando já havia registros de financiamento dos atos e um secretário de segurança bolsonarista em Brasília.

10 - Ponha as suas de molho porque as barbas do vizinho já estão pegando fogo.